sábado, 16 de agosto de 2014

Dez da madrugada


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Nessa época eu trabalhava na Lua. Por quê? Não sei bem. Acho que porque já não havia mais trabalho na Terra. Vocês são jovens demais pra saber sobre esse tipo de coisa, mas a verdade é que chegou um tempo em que tudo o que havia pra ser feito na Terra já estava sendo feito por várias pessoas, em diversas partes do globo. Desde grampos de cabelo com pontinha alaranjada até aeroplanos magníficos feitos para destruição em massa. Em outras palavras, quero dizer que já não havia empregos no planeta. Foi aí que tiveram a ideia de enviar homens a diversos lugares inexplorados. Alguns foram enviados pra Marte, outros pra morte, e outros pra Lua, pra fazerem trabalhos que ninguém fazia até então. “Um mercado de trabalho em franca expansão”, eles diziam – com ênfase na palavra ‘franca’ - mas a verdade é que só queriam se livrar dos desajustados. Não que eu fosse um desses, mas eu era. Daí que nessa época eu estava na Lua, fazendo esboços de pedras lunares, catalogando crateras, sincronizando eclipses, enfim, todo tipo de trabalho sujo que precisava ser feito por alguém. 

Vocês sabem que alguém tem que levar o lixo pra fora, e era isso que eu fazia nessa época.

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Essa Lua só não é vermelha. Mas de resto é tudo isso aí. É sim.

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Esse vídeo é resultado de um estudo anti-romântico sobre a Lua e foi realizado por um cinegrafista amador. Amador, mas anti-romântico, me respeitem, por favor!

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É que um dia me disseram que um tal de São Lourenço ia chorar nos céus de todo o hemisfério sul. Aí, eu subi no telhado pra dar um abraço nele, pra chorar junto, umas mágoas, umas coisas, enfim, dividir dores. Só que o São Lourenço não chorou no meu telhado. Mas tinha lá essa Lua, “pérola madura”, pra me consolar. E eu fiquei ali chorando, mesmo depois que a lágrima acabou, angariando fundos, namorando ela – porque “namorando-a” não é coisa que se faça. 

Enfim, fotografando luz, pra revelar ingratidão.

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“Lambe a minha orelha com a sua cor.”

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“Bola japonesa no céu do sertão.”

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Certa vez, conheci um cão que não latia. Lástima, ele Andaluzia:

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Mas, oito anos depois, era mais ou menos assim:

Saudações ao velho Buñuel.

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Amor é isso aí, minha gente: é quando você cai da bicicroiss e tem alguém pra lamber suas feridas de forma a fazer você se sentir culpado por um dia ter se permitido levar um tombo de bicicroiss.

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Meu pai também é Luí(s)(z).

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Este post não faz o menor sentido, eu sei.
A Lua também não.
Escrever "Lua" com L maiúsculo também não.
Terra com "T" maiúsculo, também não.
E nem o nome de nenhum país.
Assim como qualquer lui(s)(z).

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Agora, é o "sono do dragão".


Boa noite.

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