quinta-feira, 28 de maio de 2015

WITH THE ANIMAL


Creio que poderia transformar-me e viver com os animais.
Eles são tão calmos e donos de si.
Detenho-me para contemplá-los sem parar. 
Não se atarantam nem se queixam da própria sorte, 
Não passam a noite em claro, remoendo suas culpas,
Nem me aborrecem falando de suas obrigações para com Deus. 
Nenhum deles se mostra insatisfeito, nenhum deles se acha dominado pela 
mania de possuir coisas. 
Nenhum deles fica de joelhos diante de outro, nem diante da recordação
de outros da mesma espécie que viveram há milhares de anos. 
Nenhum deles é respeitável ou desgraçado em todo o amplo mundo.

(Walt Whitman)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

WITH THE MAN

 aqui
no oeste
todo homem tem um preço
uma cabeça a prêmio
índio bom é índio morto
sem emprego
referência
ou endereço
tenho toda a liberdade
pra traçar meu enredo

nasci
numa cidade pequena
cheia de buracos de balas
porres de uísque
grandes como o grand canyon
tiroteios noturnos
entre pistoleiros brilhantes
como o ouro da califórnia
me segue uma estrela
no peito do xerife de denver

(Paulo Leminski)

sábado, 23 de maio de 2015

Os devaneios do caminhante solitário


Como sei que muitos não têm tempo de chegar ao fim de um texto extenso como este, já facilito de cara e começo logo pela moral da história, que é a seguinte:
"Vâmo-bora herborizar com um pouco mais de afinco?!"

***

Todo solitário fica propenso ao devaneio, mas poucos sabem devanear com maestria.
Nem todo solitário herboriza. Herborizar não faz ninguém "viral". 


***

O Jean-Jacques já não era nenhum jovenzinho quando me escreveu estas coisas e, mesmo assim, embora tenha me feito aborrecido em alguns momentos, foi capaz de estar muito além de qualquer expectativa.

Como marquei quase todo o livro, registro só o que foi sorteado. De sorte, o que mais me interessa, claro, que neste mundo de bocejo, o interessante é sorte.

***

Sobre ser "viral" e/ou "aprender Webstandards com HTML5", o velho Jean-Jacques diz o seguinte:



“Muitos apenas queriam escrever um livro, qualquer um, contanto que este fosse bem recebido. Quando o livro estivesse pronto e publicado seu conteúdo não lhes interessava mais em nada, a não ser para fazê-lo ser adotado pelos outros e para defendê-lo em caso de ataque, mas de resto sem nada retirar-lhe para seu próprio uso, sem nem se preocupar se seu conteúdo fosse falso ou verdadeiro, conquanto não fosse refutado. Quanto a mim, quando desejei aprender foi para eu mesmo saber e não para ensinar; sempre acreditei que antes de instruir os outros era preciso começar sabendo o suficiente para si mesmo, e de todos os estudos que fiz em minha vida em meio aos homens não há quase nenhum que também não tivesse feito sozinho em uma ilha deserta onde estivesse confinado pelo resto dos meus dias.”

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Sobre “a-felicidade-do-pobre-parece-a-grande-ilusão-do-carnaval”, ele diz assim:



“A felicidade é um estado permanente que não parece feito para o homem neste mundo. Tudo na terra está em um fluxo contínuo que não permite a nada assumir uma forma constante. Tudo muda a nossa volta. Nós mesmos mudamos, e ninguém pode garantir que amará amanhã aquilo que ama hoje. Assim, todos os nossos projetos de felicidade nessa vida são ilusões. Aproveitemos o contentamento do espírito quando este ocorre; evitemos afastá-lo por erro nosso, mas não façamos projetos para acorrentá-lo, pois tais projetos são puras tolices. Vi poucos homens felizes, talvez nenhum, mas muitas vezes vi corações contentes, e de todos os objetos que me marcaram este é o que por minha vez mais me contentou. Creio que se trata de uma decorrência natural do poder das sensações sobre meus sentimentos internos. A felicidade não apresenta sinais externos; para conhecê-la, seria preciso ler o coração do homem feliz; porém, o contentamento pode ser lido nos olhos, na postura, no tom, no andar, e parece ser comunicado àquele que o percebe. Haverá prazer mais doce que ver um povo inteiro se entregar à alegria em dias de festa e todos os corações se iluminarem aos raios expansivos do prazer que passa de maneira rápida, mas intensa, pelas nuvens da vida?”

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E por fim, sobre ser um ficcionista, nos diz:



“[...] mentir é esconder uma verdade que devemos revelar. Decorre desta definição que calar uma verdade que não somos obrigados a dizer não é mentir.”

“Mentir sem proveito ou prejuízo para si ou para outrem não é mentir:
não é mentira, é ficção.

“Decorre de todas essas reflexões que a declaração de veracidade que fiz a mim mesmo se baseia mais em sentimentos de retidão e equidade do que na realidade das coisas, e que na prática segui mais os comandos morais de minha consciência do que as noções abstratas de verdadeiro e falso.”

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BONUS TRACKS:

Sobre “a-felicidade-do-pobre-parece-a-grande-ilusão-do-carnaval”, tem esses mestres faixa-preta aqui que também souberam capturar o espírito:


(A Felicidade - O Jobim fez a música, o Vininha fez a poesia e o Tom Zé captou a mensagem)

"...em busca da madrugada, falem baixo por favor..."

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Enfim, como prometido nas primeiras linhas, a moral da história:

Vâmo herborizar com um pouco mais mais afinco?!

 (Os devaneios do caminhante solitário - Jean-Jacques Rousseau)

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Dia de aventura!

“Alguns indivíduos sentem muita dificuldade em manter a sua mente aberta à experimentação, e, na realidade, a ciência de uma geração logo se transforma na tradição da seguinte.” 
(Bertrand Russell)

“Particularmente nociva é a sujeição à rotina ao longo de toda uma existência. A vida não deveria ser tão rigorosamente controlada nem tão metódica. Nossos impulsos, quando não fossem efetivamente destrutivos ou danosos aos outros, deveriam, se possível, ter curso livre; deveria haver espaço para a aventura. Deveríamos respeitar a natureza humana, na medida em que nossos impulsos e desejos constituem o material do qual deve ser feita a nossa felicidade.”
(Bertrand Russell)

 
***

(The Office)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Tertuliano



 "O caos é uma ordem ainda indecifrável."
"O caos é uma ordem ainda por decifrar."

(Atualizado em 18 de novembro de 2017)

***

{Olá Ficcionista do passado. Eu sou o Ficcionista do seu futuro (o meu presente, o passado de outro Ficcionista, etc, etc, etc...). Estou em novembro de 2017 e v
oltei aqui só pra complementar o post com essa passagem do livro que você ainda não conhecia em 2015:

"Ficaram parados a olhar-se. Lentamente, como se lhe fosse penoso arrancar-se desde o mais fundo do impossível, a estupefação desenhou-se no rosto de Antônio Claro, não no de Tertuliano Máximo Afonso, que já sabia o que vinha encontrar."

Aproveito pra dizer que esta mensagem que você escreveu aqui há mais de dois anos acaba de ser complementada com mais um daqueles nossos posts repetitivos, longos, prolixos, enfadonhos, cheios de prints, citações, autoindulgência, remorsos, culpas, hipocrisia, etc, etc, etc...

Se ainda tiver estômago pra isso, o caminho é esse aqui.

Aproveitando a oportunidade, pelo que me lembro, seu cabelo já está um pouco maior do que o normal nessa época e - por desinteresse, displicência e falta de amor próprio - você decidiu não fazer nada a respeito. Bom, te aviso que até hoje ele não foi cortado e continua tão horrivelmente péssimo quanto na época da faculdade. O problema é que eu não consigo cortar - por preguiça e em consideração a você, que aguentou as piores fases. Sendo assim, se for possível, livre-me do peso dessa decisão e procure um barbeiro agora mesmo. No que depender de mim, pode passar a máquina.


Ah, e não jogue no bicho ou aposte em cavalos pelos próximos dois anos. Todas as suas escolhas foram péssimas e você só perdeu dinheiro.

É isso. Bom revê-lo. Abraço, garoto, boa sorte pelos próximos dois anos.
}

domingo, 10 de maio de 2015

Trigodes

“As pessoas convencionais ficam furiosas com aquilo que se afasta da norma, principalmente, porque julgam tais desvios como uma crítica contra elas, mas perdoarão muitas excentricidades a quem se mostre tão simpático e amistoso que deixe claro, até para os mais idiotas, que não tem a intenção de criticá-las.”
(Bertrand Russell)
 
***

“Quando o ambiente é estúpido, cheio de preconceitos ou cruel, não estarmos em harmonia com ele é um mérito.”
(Bertrand Russell)

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“A regra básica é que uma pessoa deve respeitar a opinião pública apenas o suficiente para não morrer de fome nem ir para a cadeia.”
(Bertrand Russell)