sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Música Salva! (22) - Só do que a mão alcançar

Esse é em homenagem ao mestre cirandeiro que se embrenha na fuloresta, samba maracatu rural, toca rabeca, viola nordestina, guitarra e ainda acha tempo pra brincar com as palavras de uma forma bonitamente divertida.

Não bastasse isso, por saber viver "só do que a mão alcança", ainda divide o tesouro em quantas partes for necessário. Do "baque solto somente" de 2005 ao "baile solto" de 2015, creio não haver nada que valha a pena soltar nessa curta porém consistente e poderosa discografia.

E tudo ali, ao alcance da mão:


http://www.mundosiba.com.br

***


(Siba - Três carmelitas)
Álbum: De baile solto (2015)

te mando as rimas que há pouco eu fiz
tem uns buracos depois ajeito
vê o que acha e aí me diz
um troço doido, nem sei direito
a casa antiga que eu conheci
tinha umas sombras que o sol cortava
a luz dum jeito que eu nunca vi
tu me sonhando eu te imaginava
os teus cabelos não tinham fim
teus brincos tinham memória e plástico
andamos juntos pelo jardim
sorrindo prismas e pérolas e pétalas e pássaros

e eu pressentindo uma coisa ruim
como um aviso que não chegasse
te ouvir dizendo: “olha o capim”
cortaram ontem mas já renasce
tem uns cavalos vem sempre aí
comer as ramas da cor de azeite
tu vem mais cedo outra vez daí
de manhãzinha se bebe um leite
você dizia: “mamãe tá aí”
ouvindo as gias que raspam os cântaros
fiz uns desenhos vem ver aqui
o rosto dela com mirras e cânforas e bálsamos


"flutuar suspende as dores
e sonhar reacende as cores"


Chega um momento na vida em que só flutuar ameniza.
Já pra poder sonhar, aí é preciso o inimigo dormir.
 
***
(Siba - O inimigo dorme)
Álbum: De baile solto (2015) 

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Um de vocês grita aí o "tâmo afim!", se possível.

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