"Num dia chuvoso de compras no mercado, Sou cercado por uma multidão crescente que acredita que eu posso voar.
Ao que parece cometeram um erro terrível: o jornal do bairro publicou um artigo sobre um homem que realmente tem esse talento invejável mas botaram a minha fotografia em cima do artigo.
Não tenho certeza de como o jornal conseguiu uma foto minha,
Mas esse é o menor dos meus problemas, Diante, Como estou, Dessa barulhenta multidão de estranhos.
Protesto, mas a multidão não dará trégua até que eu mostre meus incríveis poderes.
Por fim, Cedo a eles, e fico, batendo meus braços e pulando o mais
alto que posso para o ar úmido.
Isso continua por algum tempo, E fico com medo, cada vez mais, de que a multidão, agora desapontada, vá me atacar, achando que sou um charlatão presunçoso.
Mas, finalmente, eles abrem espaço, resmungando.
Agradecendo à minha estrela-guia, eu corro para casa, muito abalado para continuar as compras.
Naquela noite, sozinho, eu tento voar outra vez.
É um exercício fútil, está provado, mas viciante.
Noite após noite, fico de pé no telhado, batendo os braços e dando pequenos saltos sobre as telhas.
Por mais que eu tente, nunca consigo decolar."
Nação tomada pelo medo (Thom Yorke & Stanley Donwood)
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Sabe o que o Thom Yorke disse pra inteligência artificial?
“No último quartel do século XX, numa época em que a civilização ocidental decaía inconfortavelmente rápido demais, porém de forma muito lenta para ser excitante, o mundo em grande parte sentava-se numa poltrona de teatro cada vez mais cara, esperando – em variadas combinações de medo, esperança e tédio – algo importante acontecer.
Alguma coisa séria não demoraria a ocorrer. O inconsciente coletivo inteiro não poderia estar errado quanto a isto. Mas o que seria? E seria apocalíptico ou rejuvenescedor? A cura do câncer ou uma explosão nuclear? Uma alteração atmosférica ou uma mudança do mar? Terremotos na Califórnia, abelhas assassinas em Londres, árabes na Bolsa de Valores, a vida sendo gerada em laboratório, ou um OVNI nos jardins da Casa Branca? Monalisa deixaria crescer um bigode? O valor do dólar cairia?”
[...]
“...é preciso concordar que os últimos 25 anos no século XX foram um período duro para os amantes. Foi uma época em que as mulheres estavam magoadas com os homens, em que eles sentiam-se traídos pelas mulheres, uma época em que os relacionamentos românticos assumiriam o caráter da neve quando cai na primavera, abandonando muitas criancinhas em banquisas inóspitas e pontiagudas.
Ninguém sabia o que fazer com a lua.”
[...]
“Imagine acordar e descobrir a lua caída de cara no chão do banheiro, como o finado Elvis Presley, envenenada com banana split.”
[...]
“- A lua terá alguma finalidade? – ela perguntou ao Príncipe Encantado.
O príncipe Encantado fez de conta que era uma pergunta boba. Talvez fosse. A mesma questão apresentada à Remington SL3 extraiu esta resposta:
Albert Camus escreveu que a única dúvida séria é se você deve suicidar-se ou não.
Tom Robbins escreveu que a única dúvida séria é se o tempo tem um início e um fim.
Camus evidentemente levantou-se de mau humor e Robbins deve ter esquecido de dar corda no despertador.
Existe apenas uma dúvida séria. E é:
Quem sabe como conservar um amor?
Responda-me isto e lhe direi se você deve ou não se matar.
Responda-me isto e o tranquilizarei quanto ao início e o fim do tempo.
Responda-me isto e lhe revelarei para que serve a lua.”
[...]
“Quem sabe como evitar que o seu amor vá embora?
1. Diga-lhe que vai até a lojinha de doces na Flatbush Avenue, no Brooklin, pegar um cheesecake e que se ele ficar poderá comer a metade. Ficará.
2. Diga ao seu amor que você quer uma lembrança dele e consiga um anel de seus cabelos. Queime-o num incensário. Desses que se vende em lojas de artigos baratos com símbolos ying/yang dos três lados. Vire para o sudeste. Fale rápido por sobre o cabelo queimando, numa língua convincentemente exótica. Remova as cinzas e com elas pinte um bigode no seu rosto. Procure seu amor. Diga que você é uma outra pessoa. Ele ficará.
3. Acorde o seu amor no meio da noite. Diga que o mundo está pegando fogo. Corra para a janela do quarto e dê uma espiada. Como se não fosse nada, volte para a cama e garanta ao seu amor que está tudo bem. Adormeça. De manhã, seu amor estará lá.”
“...e agora sentia que estava diante de um bom trabalho, incomum, em que não se tratava de apreender as coisas e retratá-las de forma louvável, mas no qual um instante fora do fluxo indiferente e misterioso da natureza irrompera através da superfície vítrea e o fazia sentir o sopro selvagem e gigante da realidade.”
[...]
“O todo era frio e quase cruelmente triste, mas também plácido e incontestável, e sem nenhum outro simbolismo além do mais simples, sem o qual nenhuma obra de arte pode existir, e que nos permite não só perceber a opressiva incompreensibilidade de toda a natureza, mas amá-la com uma espécie de doce deslumbramento.”
[...]
“Havia tempos tinha aprendido que não se pode entender nem explicar as coisas mais belas e interessantes.”
[...]
“Era sobretudo a distância e o silêncio de um mundo em que seus sofrimentos, tristezas, lutas e privações se tornariam alheios, distantes e pálidos, em que sua alma se livraria de uma centena de pequenos fardos diários e ele seria acolhido por uma nova atmosfera, ainda pura, livre da culpa e da dor.”
[...]
“...o aroma melífluo da fruta madura e nutritiva.”
[...]
“Tinha cheiro de terra úmida e da chegada do outono, e ele, que costumava perceber com os sentidos mais aguçados as características das estações do ano, notou com assombro como esse verão lhe havia escapado quase sem deixar rastro, quase imperceptível.”
[...]
“Respirou fundo o ar úmido e amargo do parque, e a cada passo parecia-lhe que estava se afastando do passado como alguém que já alcançou a margem e empurra um barquinho que se tornou inútil. Não havia nenhuma resignação em sua análise e percepção; cheio de obstinação e paixão intrépida, ele esperava ansioso pela nova vida, que não poderia mais ser um tatear e um errar pela penumbra, mas sim um caminho íngreme e ousado para o alto. Mais tarde e talvez com mais amargura do que os homens costumam ter, ele havia se despedido do doce crepúsculo da juventude. Lá estava ele agora, em plena luz do dia, miserável e atrasado; a partir daquele instante, nunca mais pretendia perder um momento precioso.”
Ocasionalmente, no meio da sua matinal corrida - tentando o melhor que pode, o mais rápido que pode, o mais cedo que pode - é preciso, diante de um infortúnio, um obstáculo ou uma simples e furtiva distração ou arrependimento parar para tudo.
Mas eu suplico, por favor, não me desacelere se eu estiver indo rápido demais. É que estamos em uma parte bem peculiar da cidade.
Shhhh...
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Porque onde a natureza é nobre é justamente onde as raízes são mais amargas.
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The Strokes - Reptilia
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"I said, please don't slow me down if I'm going too fast
You're in a strange part of our town"
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"I'm not drowning fast enough"
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"The room is on fire as she's fixing her hair
You sound so angry, just calm down, you found me"
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"Yeah, the night's not over, you're not trying hard enough"
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Sim, é também sobre quando você chegou tarde demais para a festa.
“Quem faz de si um animal selvagem fica livre da dor de ser um homem.” (Dr. Johnson)
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“...fedendo a éter e psicose terminal...”
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“Só restava um problema – um gigantesco letreiro de neon bem na nossa janela, bloqueando a vista das montanhas. Milhões de esferas coloridas se acendiam numa sequência bastante complexa, formando símbolos & filigranas estranhos e zumbindo muito alto...
‘Dá uma olhada ali fora’, pedi ao meu advogado.
‘Por quê?’
‘Tem uma... máquina enorme no céu... tipo uma serpente elétrica... vindo direto pra cima da gente.’
‘Atira nela’, sugeriu o meu advogado.
‘Ainda não’, falei. ‘Quero estudar seus hábitos.’”
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“...hora cruel de loucura moedora de rins..”
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“'Joe', nosso motorista, era a favor dessa ideia. Seu nome verdadeiro não era ‘Joe’, mas fomos instruídos a chama-lo assim. Na noite anterior eu tinha conversado com o chefão da Ford, e quando ele citou nosso motorista disse o seguinte: ‘O nome verdadeiro é Steve, mas chamem ele de Joe’.
‘E por que não’, falei. ‘Chamo do que ele quiser. Que tal ‘Zoom’?’
‘Não dá’, recusou o cara da Ford. ‘Tem que ser ‘Joe’.”
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“...como o bêbado da aldeia num velho romance irlandês...”
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“...sorrisos eternos...”
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“...doze vezes maior que Deus...”
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“...centro nervoso...”
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“Não. Calma. Aprenda a gostar de perder.”
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“Numa sociedade fechada, na qual todos são culpados, o único crime é ser pego. Num mundo de ladrões, o único pecado capital é a burrice.”
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“...mas um colapso está fora de questão; é inaceitável como solução ou mesmo como alternativa mais fácil.”
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“Não tenha compaixão pelo diabo; lembre-se disso.”
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“Desliguei e voltei para o carro. Bem, pensei, é assim que o mundo funciona. Toda energia flui de acordo com os caprichos do Grande Imã.”
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“Nunca aborreça o Grande Ímã.”
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“'Tenho muita fé nos processos naturais', explicou. ‘Mas no seu caso... bem... não encontro precedentes. Será preciso esperar para ver o que acontece, e então trabalhar com o que restar.’”
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“’Cara, eu provaria quase tudo, mas nem fodendo encostaria numa glândula pineal.’”
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“Trata-se claramente de um dos peso-pesados do circuito de vagabundos acadêmicos de segunda linha que recebem entre quinhentos e mil dólares por palestra ministrada a policiais e membros do judiciário.”
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“Ali estava a nata do coração da América... e, Jesus, pareciam uma gangue de suinocultores bêbados!”
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“Se você fica bêbado em público ou se é batedor de carteira, recebe atendimento instantâneo – é empurrado para o estacionamento por capangas vestidos como agentes do Serviço Secreto e recebe um sermão rápido e impessoal sobre o custo de um tratamento odontológico e as dificuldades de tentar ganhar a vida com dois braços quebrados.”
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“Adv.: Bem ali, ó. Tacos do Terry, EUA. Seria legal comer tacos. Cinco por um dólar. Duke: Parece horrível. Prefiro comer num lugar que venda um taco por cinquenta centavos.”
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“Adv.: Deixa eu explicar pra você de um jeito bem simples. A gente tá procurando o Sonho Americano. Falaram pra nós que ele tá aqui por perto... Bem, a gente tá aqui atrás dele, porque nos mandaram vir lá de São Francisco pra fazer isso. Pra encontrar o Sonho. É por isso que nos deram esse Cadillac branco. Acham que assim talvez fique mais fácil de encontrar...”
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“’Lembre-se de que se você tiver qualquer problema basta mandar um telegrama pras Pessoas Certas.’”
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“Quando você vai armar confusão nesta cidade, é bom pegar pesado. Não perca tempo com pequenos delitos e contravenções. Vá direto na jugular. Parta logo para os crimes.”
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“É a mesma bobagem cruel e paradoxalmente benévola que sustentou a Igreja Católica por tantos séculos. É também a ética militar... uma fé cega em alguma ‘autoridade’ superior e mais sábia. O Papa, o General, O Primeiro-Ministro... até chegar a ‘Deus’”.
Ilustrações de Ralph Steadman
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“Ah, que perda de tempo. Memórias dolorosas e flashbacks horrendos surgindo por entre as brumas do tempo na Stanyan Street... relembrar não faz sentido e não proporciona nenhum conforto para os que restaram. A questão, como sempre, é – e agora...?”
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“A imprensa é uma gangue de covardes impiedosos. Jornalismo não é uma profissão, não é nem mesmo um ofício. É uma saída barata para vagabundos e desajustados – uma porta falsa que leva à parte dos fundos da vida, um buraquinho imundo e cheio de mijo, fechado com tábuas pelo inspetor de segurança, mas fundo o bastante para comportar um bêbado deitado que fica olhando para a calçada se masturbando como um chipanzé numa jaula de zoológico.”
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“...Cartão-Desconto Eclesiástico...”
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“Na noite seguinte, em outro restaurante, O Astronauta estava engolindo seu grude – completamente sóbrio – quando um garoto de catorze anos se aproximou da mesa para pedir um autógrafo. _______ se fez de modesto por um instante, fingindo estar constrangido, e então rabiscou sua assinatura no pedacinho de papel. O garoto olhou para aquilo por um instante e então rasgou em pedacinhos, os quais largou no colo de _______. ‘Nem todo mundo ama você, cara’, ele falou. Deu as costas para _______ e voltou para sua mesa, a uns dois metros de distância.
Os acompanhantes do Astronauta ficaram mudos. Oito ou dez pessoas – esposas, gerentes e engenheiros-chefes que mostravam as atrações de Aspen para _______. Pela cara deles, parecia que alguém tinha usado spray de merda na mesa. Ninguém deu um pio. Comeram bem rápido e foram embora sem dar gorjeta.”
E chega de Aspen e astronautas. ________ nunca teria esse tipo de problema em Las Vegas.
Basta um pouco desta cidade para empanturrar qualquer um. Depois de cinco dias em Vegas, parece que você está há cinco anos aqui. Tem gente que gosta – mas também existe quem goste de Nixon. Ele teria sido o Prefeito ideal para esta cidade; com John Mitchell como Xerife e Agnew como Secretário de Saneamento.”
"O cineasta Lucas Mesquita acabou expulso de um grupo de WhatsApp porque criticou a reaproximação de Sérgio Moro com Jair Bolsonaro. Os dois estavam em um grupo chamado "Parlatório", com uma porção de advogados, banqueiros, empresários e políticos, entre os quais até Geraldo Alckmin. Quem deu a notícia foi a jornalista Andreia Sadi e agora vazou a derradeira mensagem de Mesquita."
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"Oi, Sérgio. Eu não te devo desculpa alguma. Sei que serei banido. Então mando um grande abraço a todos da curadoria. Principalmente ao Carlos Marques, ao Ernesto e ao Heleno Torres.
Mas vamos lá, Sérgio: Eu não devo desculpas a você. Você que deve desculpas ao Brasil. Você é o pai e a mãe de Jair Bolsonaro. Você pariu o GENOCIDA que matou centenas de milhares de brasileiras e brasileiros. Mais de 400 mil pessoas estão mortas porque você elegeu esse fascista que nos governa. Suas mãos estão sujas de sangue. Você é cúmplice de tudo isso que está acontecendo no país. As mortes, a fome, a destruição das instituições. Você deveria ter se candidatado a um cargo eletivo antes. Aí sim poderia fazer política. Mas fez política como juiz. Pedir desculpas por que chamei você de juiz parcial? É pra rir isso? Não sou eu que estou dizendo. Foi o STF. E cá entre nós, você nunca escondeu. A vaza jato apenas deixou explícito o que todo mundo sabia . A perversa relação com a acusação. Você era o chefe da operação lava jato e se orgulha disso. Deixa isso claro pra todo mundo. Nem precisava de vaza jato. Você virou ministro do adversário do cara que você prendeu sem provas (se eu estou errado, me mostre em que páginas das sentenças estão as provas). Sua sentença é piada nos cursos de direito. Virou tchuthuca de miliciano. Coach no debate do miliciano que só humilhou você. E você voltou com o rabinho entre as pernas. Ele te prometeu vaga no STF de novo, foi? Se prometeu ou não, não sei. Mas ele não vai indicar mais nenhum ministro pro STF. Porque o cara que você prendeu sem prova alguma, sendo chefe da acusação e juiz ao mesmo tempo, vai ganhar as eleições. Bolsonaro não vai indicar ministro nenhum. Bolsonaro vai ser preso. Por crimes contra a humanidade. E Lula vai ser presidente. Mesmo após todo o massacre que a Lava-Jato cometeu contra ele. O povo não é bobo, Sérgio. O povo sabe que vocês nunca se importaram com combate à corrupção. Só queriam combater o PT. Mas no voto não conseguiam. Tá de novo com Bolsonaro , o responsável pelo maior esquema de corrupção da história. Você não liga pra corrupção. Admita.
Você deveria ter vergonha. E tem. Soube que hoje você encontrou alguns membros do grupo Prerrogativas no aeroporto, baixou a cabeça e acelerou o passo. Por que, Sérgio? Aliás , você deveria responder um monte de perguntas.
-Bolsonaro interferiu ou não na PF? Você mentiu em abril de 2020 ou perdoou ele, Como perdoou o Onyx pelo caixa 2?
-por que você foi trabalhar nos EUA na recuperação judicial das empresas que você quebrou?
-por que você soltou Youseff?
-por que você passou o dia todo pedindo pro pessoal da curadoria me banir ? Deu errado. Não me baniram porque não ofendi você. Chamei você do que você é: juiz parcial. E peguei leve. PS: quem sofreu muitas ofensas aqui foi o futuro vice-presidente, Geraldo Alckmin. Os que xingaram e ofenderam ele serão os mesmo que vão bajulá-lo no Jaburu ano que vem. (Um abraço ,Geraldo! Dia 30 vamos vencer).
PS2: um abraço aos que tentaram me censurar ontem (inclusive um que foi condenado por corrupção nos EUA e no Brasil)
PS3: Marques, Ernesto. Me desculpem . Eu prometi que ia me controlar. Mas a democracia é mais importante do que a paz do grupo.
Um beijo, Sérgio. De super moro a padre Kelson do segundo turno. Tchuthuca de GENOCIDA. Tava tudo dando certo pra você, né? Mas tinha VAR. E o VAR mostrou que o juiz era ladrão."