sábado, 11 de julho de 2020

nesse golpe do galope que o envelope engole cada gole


Eu preciso.

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Música: Carta
Compositor: Tom Zé
Disco: Correio da Estação do Brás (1978)

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Carta - Tom Zé
Correio da Estação do Brás (1978)

Essa era a Carta de 1978, que foi postada com toda a merecida angústia no Correio da Estação do Brás.

Em 1998 ela ganhou o pronome possessivo no envelope e foi reendereçada à penúltima casa daquela rua que nascia lá No Jardim da Política.

Algumas pequenas diferenças, palavras novas aqui e ali, mas a mensagem e a angústia, essencialmente, as mesmas.

Todos os inúmeros ais e uis devidamente registrados e com aviso de recebimento, envelopados nessas duas poesias lindas.

Minha Carta - Tom Zé
No Jardim da Política (1998)

"Nesse golpe do galope
que o envelope engole
cada gole
cada gole da lembrança
vale um tesouro
é besouro
é besouro que se bate
sempre na vidraça
quando passa
quando passa em pensamento
volta na saudade
toda tarde.

Eu preciso mandar,
mandar notícia."

***

Não é de querer.
É de precisar.
É da urgência.
É da víscera.

***

E nesse campo de mudar uma letra aqui e outra ali, coisa parecida aconteceu com o pobre Jimmy, que se rendeu em 1970 e dois anos depois era só dor e dor:

Jimmy, Renda-se
(Tom Zé / Valdez)
1970

***

Dor e Dor
(Tom Zé)
1972

***

"Mas eu te espero
na porta das manhãs porque
o grito dos teus olhos
é mais e mais e mais
e depois que você partiu
o mel da vida apodreceu na minha boca
apodreceu na minha boca
Oh, oh, oh, oh, oh"

***

"Mastigo dor e dor."

***

"Um bezerro santo
Uma nota triste."

***

Mastigo. Rumino.
ô, ô, ai, ui, oh, oh...

***

"A vida é feita de choros, fungados e sorrisos, com as fungadas predominando."
- O. Henry.

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