domingo, 15 de março de 2020

O Tradutor Cleptomaníaco (4/4) - O inesperado, o capricho




“...o diretor do Observatório de Greenwich...”
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“Procurou dar às suas palavras uma certa dignidade serena, revestindo-as com um verniz científico, mas a cada uma se notava que ele, que tem o endereço de toda estrela ordeira do firmamento que está habilitada a ter uma moradia, e a ficha de trajetória de todos os cometas vadios, de vida pregressa, inúmeras vezes flagrados, nem suspeita quem seja este aventureiro azul e ardente, este monstro celeste, que visita a Terra sem ter feito nenhum anúncio preliminar e que ameaça a todos nós com o fim.”

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Sem refúgios. Cidade.

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 “Até agora, na terra, toda a desordem se originou do ato de varrer. Entendam a verdadeira maldição deste mundo é a organização, a verdadeira felicidade é a desorganização, o inesperado, o capricho.”

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“A literatura também morre pela organização, a camaradagem, o corporativismo, a crítica caseira, que escreve “algumas linhas amáveis” sobre o burro chefe.”

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“O fato de o mundo ser dirigido com pouca sabedoria não constitui um problema. O problema é que seja dirigido.”

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“Sabia que todas as coisas são desesperançadamente relativas, e que não existe nenhum instrumento para medi-las com precisão.”

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"O Tradutor Cleptomaníaco e Outras Histórias de Kornél Esti"
- Dezsö Kosztolányi -

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